As diferenças entre coronavírus que infectam aves, suínos e humanos

As diferenças entre coronavírus que infectam aves, suínos e humanos

(*) Por Filipe Fernando, Gerente de Produtos da área FAST da Boehringer Ingelheim Saúde Animal

Nas últimas semanas, o mundo inteiro fala praticamente de apenas um assunto: a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo Coronavírus SARS-CoV-2. O curioso é que até pouco tempo atrás, boa parte das pessoas sequer havia ouvido falar de coronavírus, o que é natural, pois se trata de um tema científico e que era muito distante da nossa realidade. Técnicos da área de saúde e saúde animal, contudo, já conhecem a família Coronaviridae há muito tempo, pois, assim como a Covid-19, diversas doenças estudadas anteriormente acometem seres humanos e animais, como as aves e suínos. 

Para entendermos melhor, é importante deixar claro que os vírus são divididos em ordens e famílias. Dentro das ordens, os coronavírus pertencem à Nidovirales, que, por sua vez, são divididos nos gêneros Alphacoronavirus, Betacoronavirus, Deltacoronavirus e Gammacoronavirus. Os coronavírus que afetam seres humanos, peretencem ao gênero Betacoronavirus, que são responsáveis pelo surgimento da atual Covid-19 e das conhecidas SARS, que surgiu na China em 2002, e MERS, surgida na Arábia Saudita em 2012. 

Aves e suínos, contudo, são afetados por outros tipos de coronavírus, que podem variar dentro dos gêneros Alphacoronavirus e Gammacoronavirus. Nas aves, por exemplo, a bronquite infecciosa das galinhas (BIG), doença aguda e altamente contagiosa entre frangos e galinhas, é causada por um Gammacoronavirus. Há vacina disponível no mercado para este tipo de enfermidade, porém é fundamental que o produtor mantenha um programa de biosseguridade adequado, com manejo exclusivo, pois podem surgir derivadas de estirpes vacinais. Em suínos, as doenças mais comuns causadas por Alphacoronavirus são o vírus da gastroenterite transmissível (TGEv), o coronavírus respiratório suíno (PRCv). 

Com base no conhecimento disponível, essas enfermidades não infectam ou causam doenças em seres humanos. Justamente por pertencerem a gêneros distintos, as vacinas desenvolvidas para aves e suínos não podem ser usadas em seres humanos ou até mesmo desenvolver uma solução para Covi-19 a partir dessas vacinas. É importante relembrar que esse vírus que vem acometendo as pessoas é uma mutação do coronavírus que já era bem conhecido na comunidade científica. Dessa forma, embora as indústrias farmacêuticas já lidem com o desafio de proteger os animais contra os coronavírus que os acometem, ainda há muitos esforços para desenvolver a vacina contra essa nova versão, que vem acometendo as pessoas.

Neste momento de pandemia, é importante que as pessoas sigam as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), como o isolamento social e a higienização correta para diminuirmos a taxa de crescimento da pandemia. Os produtores, inclusive, devem ter cuidados redobrados com a higienização pessoal e de seus colaboradores, afinal fazem parte das atividades consideradas essenciais à população, pois têm como objetivo garantir alimentos às pessoas. 

Por isso mesmo, é importante que os protocolos e cronogramas de vacinação dos animais seja mantido à risca e que os produtores continuem muito atentos em manter os animais saudáveis e livres de doenças e parasitas. Juntos, sairemos fortalecidos desta crise.