Diversidade e inclusão geram inovação
Por Esteban Ziegler – Diretor de Recursos Humanos da Boehringer Ingelheim Brasil
Certamente você já deve ter lido diversos artigos sobre a importância de promover diversidade e inclusão no ambiente corporativo. Reportagens, livros, palestras e workshops espalham-se aos montes sobre o tema, destacando a necessidade de oferecer oportunidades para todas as pessoas, promovendo ambientes de trabalho inclusivos que permitam os mais diferentes pensamentos e ideias para fomentar a inovação. Falar sobre isso não é algo novo. O desafio é colocar o discurso em prática.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Ethos com 500 empresas brasileiras, a contratação de pessoas com deficiência em 2016 apenas cumpria o mínimo exigido pela lei, 2% dos funcionários; as mulheres representavam 58,9% dos estagiários e apenas 13,6% das executivas; 94,2% dos cargos executivos pertenciam a brancos e 4,7% aos negros, com a ressalva de que não havia um executivo de origem indígena nas empresas estudadas. Fatores como idade, escolaridade, religião, peso e aparência também estavam entre motivos que dificultam o relacionamento entre colegas.
Ainda há muito que ser feito. Em sociedade, a pluralidade ajuda a estimular o debate de ideias, com grande potencial para criar soluções mais humanas, criativas e inovadoras. Por que, então, temos tanta dificuldade em aceitar ideias diferentes das nossas?
Ouvir, dar e respeitar opiniões divergentes e incomuns é parte fundamental do diálogo. E, do ponto de vista organizacional, esta é uma prática essencial para a gestão de pessoas e, principalmente, para a gestão do próprio negócio. Ambientes inclusivos pressupõem o reconhecimento de outras perspectivas além da sua, o que acontece, essencialmente, por meio do diálogo. Na Boehringer Ingelheim, nos concentramos em promover um ambiente que permita que a diversidade floresça. Um dos principais fatores de sucesso para isso é favorecer uma cultura de diálogo aberto, pois acreditamos que é essa atitude que nos fará caminhar para os nossos objetivos estratégicos, gerando inovação e, consequentemente, crescimento.
Além disso, ambientes inclusivos melhoram o desempenho das empresas.
Levantamento global sobre liderança, recentemente publicado pela DDI em parceria com a Ernst & Young, mostrou que companhias com ao menos 30% de diversidade de gênero e mais de 20% em posições sêniores, conquistaram resultados financeiros superiores às demais. Além disso, em corporações em que a diversidade é realmente expressiva, as chances de crescimento lucrativo e sustentado é 1,4 vez maior.
Como diretor de Recursos Humanos de uma multinacional com atuação global, lido diariamente com essa diversidade e essa troca vem me transformando tanto pessoal como profissionalmente em um profissional melhor. Nos mais de 20 anos de carreira, aprendi a lidar com o diferente, sendo eu mesmo um desses casos durante essa trajetória. Argentino de nascença e criação, já trabalhei nos Estados Unidos, na Alemanha e, agora, no Brasil. Essa diversidade geográfica me permite, também, contribuir com minhas vivências para o crescimento de todos e multiplicar a importância de conhecer, entender e aceitar o incomum. É essa pluralidade que torna o ambiente de trabalho leve, produtivo e capaz de inovar.
Por isso o diálogo é tão importante. E a interação deve ter sempre a premissa de respeitar o próximo e valorizar seu ponto de vista. Abrir espaço para o contraditório e encontrar soluções verdadeiramente novas a partir da construção em times diversos.
Acreditamos que as equipes ricas em diversidade são nosso recurso mais significativo e estabelecemos práticas de inclusão em que o diálogo é a base das relações profissionais. Como resultado, buscamos um ambiente cada vez mais colaborativo, em que todos se sintam confortáveis e livres para inovar e atingir seu potencial de crescimento.